Como edifícios estão deixando de ser apenas espaços de trabalho para se tornarem ambientes que cuidam da saúde, produtividade e equilíbrio de quem os ocupa? Nesta leitura, você vai descobrir como o conceito de wellness corporativo está transformando o mercado imobiliário. Trazemos exemplos reais, dados de impacto e iniciativas que demonstram que o bem-estar deixou de ser um diferencial — tornando-se um novo padrão para empresas e edifícios que desejam se destacar.
Wellness corporativo é uma abordagem multidisciplinar que busca integrar saúde, bem-estar e qualidade de vida à rotina dos espaços de trabalho. Mais do que oferecer uma infraestrutura adequada, a proposta envolve criar experiências e ambientes que favorecem o equilíbrio entre produtividade e saúde — física, mental e emocional.
No contexto dos edifícios corporativos, essa abordagem se traduz em práticas como o uso de iluminação natural, ambientes ergonomicamente planejados e acesso a áreas verdes. Além disso, ações estruturadas de gestão e cuidado com o espaço complementam essa visão integrada.
Essas iniciativas incluem eventos culturais, ativações de marca, programas de atividade física, feiras, rodas de conversa, ações de saúde e alimentação consciente. Hoje, não é raro encontrar prédios com corridas internas, exposições artísticas, aulas de yoga ou meditação, concertos ao ar livre e áreas de convivência ativa. Dessa forma, o wellness passa a ser mais do que uma tendência estética: é uma estratégia de valorização dos espaços e de resposta direta às novas demandas sociais e profissionais.
O setor de bem-estar, conhecido globalmente como wellness, deixou de ser um nicho e se consolidou como um dos mercados de crescimento mais acelerado no mundo. Entre 2020 e 2022, o segmento movimentou cerca de US$ 5,6 trilhões, segundo dados do Global Wellness Institute (GWI). Esse número revela uma transformação no comportamento de consumo e nas prioridades contemporâneas.
Para as novas gerações, cuidar da saúde física e mental, bem como do meio ambiente, tornou-se central na tomada de decisões pessoais e profissionais. Nesse sentido, como destaca Rodrigo Sangion, CEO da Les Cinq Gym, “não se trata mais de uma tendência, mas de uma necessidade”.
Diante desse cenário, o impacto é direto na forma como os edifícios corporativos são projetados, reformados e operados. A busca por bem-estar no trabalho tornou-se um pilar estratégico. Incorporadoras passaram a repensar o papel dos espaços físicos na vida das empresas e de seus colaboradores.
Além disso, segundo matéria publicada pelo Valor Econômico, esse movimento é especialmente relevante em São Paulo. A cidade se destaca pelo aumento da demanda por ambientes corporativos que valorizem a saúde integral e a experiência dos usuários.
Paralelamente, a atualização da norma NR-01, do Ministério do Trabalho, reforça esse direcionamento ao exigir, a partir de maio de 2025, a identificação e o gerenciamento de riscos psicossociais, como estresse ocupacional e sobrecarga de trabalho. Dessa forma, o wellness corporativo deixa de ser um benefício extra e passa a integrar políticas de conformidade regulatória, retenção de talentos e produtividade sustentável.
Por fim, mais do que oferecer academias ou áreas de descanso, promover o bem-estar envolve repensar tanto a infraestrutura quanto a gestão dos ambientes corporativos. Iluminação natural, ergonomia, ventilação, alimentação saudável, mobilidade ativa e acesso a áreas verdes são elementos cada vez mais integrados às estratégias dos empreendimentos que desejam se destacar no mercado — especialmente em um contexto pós-pandemia e de transformação dos modelos de trabalho.
Na cidade de São Paulo, os edifícios corporativos de alto padrão têm incorporado cada vez mais os princípios do wellness building — uma abordagem que integra qualidade de vida, sustentabilidade e eficiência construtiva. Diferentemente dos edifícios verdes, que se concentram principalmente na sustentabilidade ambiental, o conceito de wellness building valoriza também o bem-estar físico e mental dos usuários como parte fundamental no design e na operação dos espaços corporativos.
O wellness building promove estratégias específicas, tais como:
Maximização da entrada de iluminação natural;
Sistemas eficientes para controle da qualidade do ar e ventilação;
Soluções de ergonomia e conforto acústico nos ambientes internos;
Espaços verdes integrados, como jardins e áreas externas para descanso e interação social;
Uso de materiais sustentáveis e de alta eficiência energética na construção.
Nesse sentido, edifícios classificados como “Triple A” (AAA) são reconhecidos por apresentarem o mais alto padrão em qualidade construtiva e infraestrutura tecnológica, ambiental e operacional. De acordo com a plataforma Buildings, a classificação dos edifícios corporativos varia entre C, B, BB, A, AA e AAA, sendo AAA o nível máximo oferecido no mercado imobiliário corporativo, destacando-se pela inovação, conforto e sustentabilidade.
No Brasil, existem cerca de 14 milhões de m² de escritórios corporativos mapeados (Núcleo de Real Estate da Poli/USP, 2024). Em São Paulo, esse segmento abrange aproximadamente 3,46 milhões de m² de área locável, distribuídos em edifícios que atendem rigorosos critérios para serem classificados como Classe A. Esses critérios incluem lajes com área superior a 1.000 m², sistemas avançados de ar-condicionado, gerenciamento predial automatizado, pé-direito mínimo de 2,60 metros, uma vaga de estacionamento a cada 35 m² e certificação de sustentabilidade reconhecida internacionalmente, como o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).
Internacionalmente, o edifício The Edge, localizado em Amsterdã e desenvolvido pela OVG Real Estate em parceria com a Deloitte, é frequentemente citado como um caso de referência em eficiência operacional, sustentabilidade e bem-estar corporativo. o edifício utiliza sensores IoT integrados a uma plataforma digital que monitora, em tempo real, variáveis como iluminação, temperatura, umidade e ocupação. Isso permite personalizar os ambientes para cada colaborador, otimizando conforto térmico e luminosidade
A gestão tecnológica se estende a um aplicativo que orienta os usuários sobre estações de trabalho disponíveis, regula preferências de ambiente e incentiva práticas saudáveis — como o uso das escadas — informando até o gasto calórico. O edifício gera cerca de 70% da energia que consome por meio de painéis solares, complementa sua matriz energética com fontes renováveis e adota sistemas de reaproveitamento de água e ventilação natural.
Em conclusão,Em resumo, o The Edge reúne elementos de alta performance ambiental e foco total no bem-estar dos usuários. Reconhecido com certificação LEED Platinum, obtida com pontuação recorde em sua inauguração, e incorporando princípios do WELL Building Standard, como iluminação natural abundante, qualidade do ar e uso de materiais de baixa emissão química. É um modelo de como tecnologia, sustentabilidade e saúde podem coexistir no espaço corporativo.
O Cetenco Plaza, localizado na Avenida Paulista, reforça seu compromisso com as práticas de wellness corporativo. Para isso, o edifício oferece uma infraestrutura voltada ao bem-estar de quem circula diariamente por seus espaços. Entre os recursos disponíveis estão bicicletário, horta comunitária, cafés especiais e restaurantes como Astor, SubAstor, Bráz Trattoria e Spot.
Além desses elementos, o prédio passou recentemente por uma reforma completa. O retrofit abrangeu tanto os ambientes internos quanto a Esplanada, que hoje integra áreas verdes e espaços abertos. Essa reformulação tem como objetivo estimular a interação social e o contato com o ambiente externo.
Nesse sentido, o paisagismo assinado pelo arquiteto Benedito Abbud contribui para esse resultado. A praça frontal do edifício possui três entradas e acesso direto à Avenida Paulista. Dessa forma, transforma-se em um ponto de respiro e convivência em meio à dinâmica intensa da região.
Ao unir elementos tradicionais e soluções contemporâneas, o Cetenco Plaza se integra à paisagem urbana de forma estratégica. Mais do que um edifício corporativo, consolida-se como um espaço que promove qualidade de vida no cotidiano dos seus frequentadores.
Nesse contexto, diversos estudos recentes têm apontado resultados concretos para empresas que investem em ambientes voltados ao bem-estar corporativo. Ambientes com ergonomia aprimorada, qualidade superior do ar, iluminação natural abundante e integração com áreas verdes demonstram aumentos significativos na produtividade, chegando a uma média de 22%.
Esses mesmos espaços também registram reduções expressivas nos níveis de estresse ocupacional, em torno de 30%. Consequentemente, ambientes que seguem esses princípios conseguem reduzir a rotatividade de colaboradores, além de atrair profissionais que priorizam saúde, equilíbrio e qualidade de vida no trabalho.
Alinhado a essas práticas, o Cetenco Plaza vai além da estrutura física. O edifício realiza também ações culturais e sociais abertas à comunidade. Um exemplo disso é a Orquestra de Final de Ano, promovida em parceria com o Banco Daycoval, O evento, realizado na Esplanada e aberto ao público, contribui para transformar o espaço em um ambiente de encontro e conexão.
Com isso, o prédio reforça sua vocação como ponto de integração entre arte, cidade e bem-estar. A iniciativa beneficia não apenas locatários e proprietários, mas também visitantes e frequentadores em geral.
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